Ceratocone

A incidência de ceratocone é de aproximadamente 54 casos para cada 100.000 habitantes e as manifestações clínicas irão surgir entre os 10 e os 30 anos de idade. A doença geralmente inicia-se na adolescência, sendo progressiva em 20-30% dos casos. Em cerca de 95% destes, o ceratocone deixa de evoluir e estabiliza entre os 30 e 40 anos de idade.

O diagnóstico do ceratocone é feito através do exame clínico e também através de exames como a topografia de córnea (exame que determina a curvatura da córnea).

No ceratocone, a córnea fica progressivamente mais fina e curva na região central. Essa mudança no formato da córnea leva a um aumento progressivo da miopia e astigmatismo do paciente (a velocidade de progressão pode variar muito entre os indivíduos).

Apesar de se tratar de uma doença delicada, os pacientes contam hoje com diversos recursos para tratar ou conter sua evolução. O tratamento do ceratocone envolve a correção da miopia e astigmatismo induzidos pela doença. Inicialmente o paciente pode utilizar óculos e lentes gelatinosas, no entanto, com a progressão da doença, pode ser  necessário o uso de lentes de contato rígidas para que o paciente tenha uma boa visão. Nos casos em que a lente rígida não possibilita mais uma boa visão, o tratamento indicado passa a ser a cirúrgico. De acordo com o estágio e as características do ceratocone, podemos indicar diferentes cirurgias.

O implante do anel estromal está indicado em córneas ainda transparentes e visa reduzir a curvatura corneana, o que irá facilitar a adaptação de lentes de contato e de óculos. É um procedimento potencialmente reversível, muito menos invasivo do que um transplante de córnea. O transplante de córnea, apesar de ter evoluído muito nos últimos anos, ainda deve ser deixado para casos que não obtiveram boa acuidade visual com os outros tratamentos.

Atualmente, realizamos transplante assistido pelo Femtossecond laser, que nos permite realizar uma cirurgia mais precisa e preservar estruturas da córnea que não foram afetados pelo ceratocone. Como a progressão do ceratocone não segue um padrão pré-determinado, recomendam-se visitas periódicas ao oftalmologista para acompanhamento com exames específicos e adequação do tratamento ao estágio da doença.

Se a progressão do ceratocone for documentada, realizamos um procedimento chamado Cross-Link, que fortalece as ligações entres as moléculas corneanas e aumenta a sua rigidez, o que geralmente impede a progressão da doença. Hoje sabemos que o uso de lentes de contato não impede a progressão da doença e o maior fator de risco para o desenvolvimento do ceratocone é o hábito de coçar os olhos.